quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Mídia Sem Máscara - Marxismo: uma ideologia religiosa

Mídia Sem Máscara - Marxismo: uma ideologia religiosa


Não é possível negar a expansão que as ideias marxistas tiveram por todo o mundo. Além dos países que viveram ou ainda vivem sob governos explicitamente comunistas, há tantos outros que, sob bandeiras aparentemente menos extremas, como a da social-democracia, do trabalhismo ou até de democratas, continuam avançando a ideologia de Karl Marx a conquistas cada vez mais amplas.
Como, porém, uma ideologia fundamentada em textos de um pensador medíocre, que errou praticamente todas suas previsões, que cometeu fraude intelectual na apresentação de vários dados que corroboravam suas teses e que criou uma filosofia que é, no máximo, um arremedo materialista do idealismo hegeliano, pôde obter tamanha inserção em boa parte das cabeças deste mundo?
A resposta dada pelo escritor Heraldo Barbuy, em seu livro ‘Marxismo e Religião’ é direta: o marxismo se mantém cada vez mais forte simplesmente porque possui aspectos maiores do que ideológicos; é, na verdade, uma verdadeira seita religiosa. Mesmo com os erros de previsão, mesmo com as análises eivadas de incongruências, o marxismo permanece porque o cerne de sua força não está em suas ideias, mas em seu espírito - um espírito de seita.
Como em toda seita, no marxismo, a correção lógica, a rigidez filosófica ou a comprovação dos dados oferecidos são simplesmente dispensáveis. Se houverem, servirão para corroborar suas teses. Se não existirem, mais importante é a manutenção do fervor religioso e do apego emocional àquilo que é mais do que uma corrente de pensamento, mas uma verdadeira expressão religiosa.
Considerando que Marx, segundo bem demonstra Richard Wurmbrand, no livro ‘Era Karl Marx Satanista?’, possui todas as características e ideias de um, no mínimo, apreciador do demônio e, considerando também, que o diabo é um perpétuo imitador das coisas divinas, não é difícil imaginar como o marxismo desenvolveu seus aspectos miméticos, os quais estão contidos nos fundamentos, na cultura e nas ideias que professa.
Há também no marxismo, como é comum nas seitas, os seus profetas. No caso da ideologia fundamental do esquerdismo mundial, estes são Marx e Friedrich Engels – este amigo e provedor daquele. Eles, como os profetas de qualquer religião, transmitiram suas visões sobre os tempos futuros, apontaram as mazelas do presente e, de alguma maneira, prognosticaram sobre os últimos dias. Se erraram quase tudo que disseram, o que importa? Pelo contrário, o criador da teoria da Dissonância Cognitiva, Leon Festinger, já demonstrara como as seitas se fortalecem exatamente sobre seus erros mais importantes.
Outra imitação diabólica contida no marxismo, e que o caracteriza ainda mais como uma cópia religiosa, está na sua promessa de um paraíso vindouro. À semelhança do céu cristão, o futuro marxista é o tempo quando os males cessarão, a harmonia prevalecerá e os aspectos opressores do tempo presente não mais terão força. Até um certo saudosismo de uma Era de Ouro, nesse caso em uma interpretação tosca do paraíso adâmico, existe nos escritos de Marx, Engels e outros de seus apóstolos. Para eles, também com alguma semelhança com o Reino celeste de Cristo, o futuro paradisíaco comunista será um tempo além da história, quando os aspectos que afetam o presente não mais terão efeito.
Além de possuir sua própria Bíblia - no caso, o livro ‘O Capital’, do próprio Marx, o marxismo possui também o seu diabo. Enquanto que, para o cristão, o diabo representa aquele que age com o intuito principal de afastar o homem da comunhão e compreensão da verdade divina, no marxismo é o capitalismo e seus burgueses (como Lúcifer e os demônios), aqueles que afastam o homem da verdade. Da mesma maneira que o diabo obscurece o entendimento do homem, para que não perceba sua condição de pecador necessitado de redenção e cura, o proletariado oprimido é alienado pelo capitalista que, por meio de seus métodos, impede que ele perceba o seu estado de alienação e busque a redenção por meio da consciência de sua posição e pela luta contra essa classe opressora.
A imitação parece que foi tão ampla que inclusive as falhas da cristandade se repetem no seio do marxismo. Basta ver como ele progrediu dividindo-se em novas seitas, variações, partidos e dissensões que, a despeito de cindirem, de alguma maneira, a homogeneidade ideológica, mantiveram um núcleo de fé inabalável.
Por isso, torna-se tão difícil convencer um marxista que a ideologia que ele professa é uma fraude. Por mais que se apresente para ele que, por exemplo, previsões como a pauperização ininterrupta do proletariado e o colapso do capitalismo não ocorreram de forma alguma (pelo contrário, os trabalhadores vivem em condições cada vez melhores e o capitalismo apenas experimentou um fortalecimento desde os tempos daqueles dois pensadores alemães), isso não afetará em nada sua crença.
Como escreve o professor Barbuy, "o marxismo não era ciência, e sim religião; indiferente aos fatos que o contradizem, progrediu como fé". Assim, não resta nada mais senão combatê-lo como heresia, não como ideia.

Fabio Blanco é advogado e teólogo.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Socialismo e retrocesso da civilização

 por Jesús Huerta de Soto

Nas páginas 33—35 do meu livro Socialism, Economic Calculation, and Entrepreneurship, faço uma análise do processo empreendedorial e explico como a divisão do conhecimento prático empreendedorial se aprofunda "verticalmente" e se expande "horizontalmente", processo esse que permite (e ao mesmo tempo requer) um aumento da população, que estimula a prosperidade e o bem-estar geral, e que ocasiona o progresso da civilização.  Como indicado naquelas páginas, este processo de "verticalização" e "horizontalização" do conhecimento se baseia
1. na especialização da criatividade empreendedorial em campos cada vez mais específicos, com cada vez mais profundidade e detalhes;
2. no reconhecimento dos direitos de propriedade do empreendedor criativo, o que significa que ele tem o direito de manter para si os frutos de sua atividade criativa em cada uma destas áreas;
3. na troca livre e voluntária destes frutos gerados pela especialização de cada ser humano, uma troca que sempre será mutuamente benéfica para todos aqueles que participam do processo de mercado; e
4. no crescimento contínuo da população humana, o que torna possível "ocupar" e cultivar empreendedorialmente um crescente número de novas áreas de conhecimento criativo empreendedorial, o que enriquece a todos.
De acordo com esta análise, qualquer coisa que garanta a propriedade privada daquilo que cada indivíduo cria e contribui para o processo de produção, que defenda a posse pacífica daquilo que cada indivíduo cria ou descobre, e que facilite (ou não impeça) o processo de trocas voluntárias (os quais, por definição, sempre são mutuamente satisfatórios no sentido de que representam uma melhoria da situação de cada pessoa) irá gerar prosperidade, aumentar a população, e aprofundar o avanço quantitativo e qualitativo da civilização.
Da mesma forma, qualquer ataque à posse pacífica de bens e aos direitos de propriedade sobre estes bens; qualquer manipulação coerciva do livre processo de trocas voluntárias; em suma, qualquer intervenção estatal em uma economia de livre mercado sempre irá gerar efeitos indesejados, suprimir a iniciativa individual, corromper a moral e os hábitos de comportamento responsável, tornar o público imaturo, infantilizado e irresponsável, acelerar o declínio do tecido social, consumir a riqueza acumulada, e bloquear a expansão da população humana e o progresso da civilização, aumentando a pobreza geral.
Como ilustração, consideremos o processo de declínio e desaparecimento da clássica civilização romana.  Embora suas características mais proeminentes possam ser facilmente extrapoladas para várias circunstâncias do nosso mundo contemporâneo, infelizmente a maioria das pessoas hoje já se esqueceu, ou ignora por completo, essa importante lição histórica; e, como resultado, elas são incapazes de ver os graves riscos que hoje nossa civilização enfrenta.  Com efeito, como explico em detalhes em minhas aulas (e resumo em um vídeo gravado durante uma delas, sobre a queda do Império Romano [La Caída del Imperio Romano], o qual, para minha surpresa, já foi visto na internet por mais de 400 mil pessoas), e de acordo com estudos anteriores feitos por autores como Rostovtzeff (The Social and Economic History of the Roman Empire) e Mises (Ação Humana), "o que provocou a queda do império [romano] e a ruína de sua civilização não foram as invasões bárbaras, mas sim a desintegração dessa interdependência econômica".
Para ser mais exato, Roma foi vítima de um retrocesso na especialização e na divisão do processo comercial, uma vez que as autoridades políticas sistematicamente obstruíam ou impediam trocas voluntárias a preços de livre mercado.  E faziam isso em meio a um aumento descontrolado nos subsídios, nos gastos públicos ("panem et circenses") e nos controles estatais sobre todos os preços de mercado.  É fácil entender a lógica por trás destes eventos. 
Começando especialmente no século III, a compra de votos e de popularidade levou à disseminação da distribuição de subsídios para a população adquirir alimentos ("panem").  Tais subsídios eram financiados com dinheiro de impostos, política essa conhecida como "annona".  Além destes subsídios, havia também uma contínua organização dos mais esbanjadores e opulentos jogos públicos para divertir a população ("circenses").  Em decorrência deste arranjo, não apenas os agricultores italianos ficaram arruinados, como também a população de Roma não parou de crescer até chegar a quase 1 milhão de habitantes.  (Por que trabalhar exaustivamente em sua terra se os seus produtos não poderão ser vendidos a preços lucrativos, dado que o estado os distribui praticamente de graça em Roma?).
Sendo assim, a medida mais racional para os agricultores italianos seria deixar o campo e se mudar para a cidade e viver do assistencialismo.  Mas tal política tem seus inevitáveis custos, e tais custos não poderiam ser cobertos eternamente pelo dinheiro de impostos.  Consequentemente, a solução criada pelo governo para continuar sua política foi a inflação — mais especificamente, a redução do conteúdo metálico das moedas.  A consequência foi inescapável: uma queda incontrolável no poder de compra do dinheiro, isto é, um aumento descontrolado dos preços, ao qual as autoridades responderam decretando que os preços fossem congelados aos seus valores anteriores, além de imporem sentenças extremamente rigorosas aos "infratores". 
A imposição deste controle de preços levou a desabastecimentos e a uma ampla escassez (uma vez que, aos baixos preços estipulados pelo governo, não mais era lucrativo produzir ou buscar soluções criativas para os problemas da escassez; ao mesmo tempo, o consumismo e o desperdício estavam sendo artificialmente estimulados).  As cidades rapidamente começaram a ficar sem estoques, e a população começou a voltar para o campo e a viver em autarquia em condições muito mais penosas, em regime de mera subsistência, um regime que gerou as bases para o que mais tarde viria a ser o feudalismo.
Este processo de retrocesso da civilização (ou descivilização), o qual surgiu da ideologia demagógica socialista — típica do estado assistencialista e do intervencionismo estatal na economia —, pode ser ilustrada de uma maneira graficamente simples pela inversão da explicação do gráfico da página 34 do meu livro supracitado, Socialism, Economic Calculation, and Entrepreneurship, no qual descrevo o processo por meio do qual a divisão do trabalho (ou melhor, a especialização do conhecimento) se aprofunda e consequentemente a civilização avança.
Comecemos pelo estágio representado pela linha superior do gráfico (T1), o qual reflete o nível avançado de desenvolvimento espontaneamente alcançado pelo processo de mercado romano no início do século I, o qual, como demonstrou o estudioso Peter Temin ("The Economy of the Early Roman Empire" Journal of Economic Perspectives, vol. 20, no. 1, winter 2006, pp. 133?151), era caracterizado por um notável grau de respeito legal e institucional pela propriedade privada (o direito romano), e pela especialização e difusão das trocas voluntárias em todos os setores e mercados (particularmente no mercado de trabalho, uma vez que, como Temin demonstrou, o efeito da escravidão foi muito mais modesto do que sempre se acreditou até hoje).  Como resultado, a economia romana daquele período alcançou um nível de prosperidade, desenvolvimento econômico, urbanização e cultura que só voltaria a ser visto no mundo em meados do século XVIII.
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As letras maiúsculas sob cada pessoa na figura acima indicam os fins a que cada indivíduo se dedica e se especializa.  Ele então comercializa os frutos de sua criatividade e esforço empreendedorial (representados pela lâmpada que "acende") pelos frutos dos outros indivíduos, e todos se beneficiam dessa troca.  No entanto, quando a intervenção estatal na economia aumenta (por exemplo, por meio de controle de preços), as trocas são obstruídas e diminuem, e as pessoas se descobrem no estágio representado pela linha do meio do gráfico.  Elas são obrigadas a reduzir a amplitude de sua especialização, abandonando, por exemplo, os fins G e M e se concentrando apenas nos fins AB, CD e EF.  Houve uma redução na divisão do trabalho e nas transações voluntárias, levando consequentemente a um menor grau de especialização, o que requer um maior número de cópias e reproduções, e um excesso de esforço.  O resultado óbvio é uma queda na produção final de todo o processo social, e consequentemente um aumento na pobreza.
O ponto máximo do declínio econômico e da recessão ocorre no estágio mostrado na linha inferior do gráfico (T3).  Neste estágio, em decorrência da crescente pressão intervencionista do estado, dos contínuos aumentos nos impostos, e das sufocantes regulamentações, as pessoas, com o único intuito de sobreviver (ainda que a um nível de pobreza até então inconcebível), são forçadas a abandonar quase que completamente a divisão do trabalho e os processos de transações voluntárias que constituem o mercado, a deixar as cidades e retornar ao campo para criar gado e cultivar seus próprios alimentos, fabricar seu próprio couro e construir suas próprias choupanas.  Cada indivíduo irá desnecessariamente duplicar as atividades e os fins minimamente necessários para sobreviver (os quais foram marcados ABCD no gráfico).  Logicamente, a produtividade irá sofrer uma acentuada queda, e todos os tipos de escassez surgirão, o que levará a uma redução da população em decorrência da falta de recursos.  Neste ponto, o processo de desurbanização e descivilização estará completo.
Como Mises indicou,
A combinação de uma política de preços congelados com a deterioração da moeda provocou a completa paralisação tanto da produção quanto do comércio dos gêneros de primeira necessidade, e desintegrou a organização econômica da sociedade. ... Para não morrer de fome, as pessoas fugiam da cidade para o campo e tentavam produzir, para si mesmas, cereais, azeite, vinho e o de que mais necessitassem. ... As cidades, o comércio interno e externo, as manufaturas urbanas deixaram de exercer a sua função econômica.  A Itália e as províncias retornaram a um estágio mais atrasado da divisão social do trabalho.  A estrutura econômica da antiga civilização, que havia alcançado um nível tão alto, retrocedeu ao que hoje é conhecido como a organização feudal típica da Idade Média. ... [Os imperadores] reagiram de maneira infrutífera, sem atingir a raiz do mal.  A compulsão e coerção a que recorreram não podiam reverter a tendência de desintegração social que, ao contrário, era causada precisamente pelo excesso de compulsão e coerção [da parte do estado].  Nenhum romano tinha consciência do fato de que o processo era provocado pela interferência do governo nos preços e pela deterioração da moeda.
Mises conclui,
Uma ordem social está fadada a desaparecer se as ações necessárias ao seu bom funcionamento são rejeitadas pelos padrões morais, são consideradas ilegais pelas leis do país e são punidas pelos juízes e pela polícia.  O Império Romano se esfacelou por ter ignorado o liberalismo e o sistema de livre iniciativa.  O intervencionismo e o seu corolário político, o governo autoritário, destruíram o poderoso império, da mesma forma que necessariamente desintegrarão e destruirão, sempre, qualquer entidade social. [Itálicos meus].
A análise de Mises foi contínua e invariavelmente confirmada não somente em vários exemplos históricos específicos (processos de declínio e retrocesso da civilização, como, por exemplo, no norte e em outras partes da África; a crise em Portugal após a "Revolução dos Cravos"; a crônica doença social que afeta a Argentina, que era um dos países mais ricos do mundo antes da Segunda Guerra Mundial, mas que hoje, em vez de receber imigrantes, perde sua população continuamente; processos similares que estão devastando a Venezuela e outros regimes populistas na América Latina etc.), mas também, e acima de tudo, pelo experimento do socialismo verdadeiro, o qual, até a queda do Muro de Berlim, imergiu centenas de milhões de pessoas no sofrimento e no desespero.
Da mesma maneira, atualmente, em um mercado mundial totalmente globalizado, as forças descivilizadoras do assistencialismo, do sindicalismo, da manipulação monetária e financeira dos bancos centrais, do intervencionismo econômico, do aumento das regulações e da carga tributária, e da falta de controle das contas públicas estão ameaçando até mesmo aquelas economias que até então sempre foram consideradas as mais prósperas (os Estados Unidos e a Europa).  Vivendo hoje uma encruzilhada histórica, estas economias estão lutando para se livrar das forças descivilizadoras da demagogia política e do poder dos sindicatos à medida que elas tentam retornar ao caminho do rigor monetário, do controle do orçamento, da redução de impostos e do desmantelamento da confusa e intricada rede de subsídios, intervenções e regulamentações que sufocam o espírito empreendedorial e infantilizam e desmoralizam as massas.  Seu sucesso ou fracasso nesta empreitada irá determinar seu futuro e, mais especificamente, se elas irão continuar a liderar o avanço da civilização como fizeram até hoje, ou se, em caso de fracasso, elas deixarão a liderança da civilização para outras sociedades que, como as sociedades sino-asiáticas, se esforçam de maneira fervorosa e sem nenhum constrangimento para se tornarem as principais do novo mercado mundial globalizado.
É hoje evidente que a civilização romana não caiu em decorrência das invasões bárbaras: ao contrário, os bárbaros facilmente se aproveitaram de um processo social que já estava, por razões puramente endógenas, em marcante declínio e em estágio de avançado colapso.
Mises explicou desta maneira:
Os agressores externos simplesmente se aproveitaram de uma oportunidade que lhes foi oferecida pelo enfraquecimento interno do império.  De um ponto de vista militar, as tribos que invadiram o império nos séculos IV e V não eram superiores aos exércitos que as legiões haviam derrotado facilmente algum tempo antes.  Mas o império havia mudado; sua estrutura econômica e social tornara-se medieval.
Adicionalmente, o grau de regulação, estatismo e pressão tributária do império se tornou tão grande, que os próprios cidadãos romanos frequentemente preferiam se submeter aos invasores bárbaros por considerá-los um mal menor.  Lactâncio, em seu tratado De Mortibus Persecutorum ("A morte dos perseguidores"), escrito no ano 314-315 d.C., afirma,
Chegou-se ao extremo de ser maior o número dos que viviam dos impostos do que o dos contribuintes, até que, por serem consumidos os recursos dos colonos pela enormidade dos impostos extraordinários, as terras foram abandonadas e os campos cultivados foram transformados em selvas. ... Numerosos governadores e subalternos oprimiam cada uma das regiões, inclusive quase a cada uma das cidades.  Igualmente numerosos eram os funcionários do fisco, magistrados e substitutos dos prefeitos do Pretório, cuja atividade na ordem civil era escassa, mas intensa à hora de ditar multas e proscrições.  As exações de todo tipo eram, já não direi frequentes, mas constantes, e os atropelos para levá-las a cabo, insuportáveis. (citado por Antonio Aparicio Pérez, La Fiscalidad en la Historia de España: Época Antigua, años 753 a.C. a 476 d.C., Madrid: Instituto de Estudios Fiscales, 2008, p. 313).
Claramente, esta situação se assemelha assombrosamente à atual situação mundial de várias maneiras, e uma legião de escritores já demonstrou como o atual nível de subsídios e regulamentações impõe um fardo desmoralizante e intolerável sobre o crescentemente molestado setor produtivo da sociedade.  Com efeito, alguns poucos autores, como o espanhol Alberto Recarte, já tiveram a coragem de exigir uma redução "no número de funcionários públicos, particularmente aqueles cujo trabalho é regular, inspecionar e vigiar todas as atividades econômicas por meio da imposição de requerimentos legais custosos e extremamente intervencionistas" (El Desmoronamiento de España, Madrid: La Esfera de los Libros, 2010, p. 126).  Sempre é necessário relembrar que todos nós dependemos da produção da atividade econômica privada.  Sem ela, definhamos.
Em De Gubernatione Dei (IV, VI, 30), Salviano de Marselha escreve,
Enquanto isso, os pobres estão despojados, as viúvas gemem e os órfãos são pisados a pés, a tal ponto que muitos, incluindo gente de bom nascimento e de boa instrução, se refugiam junto aos inimigos para não perecer à perseguição pública.  Eles vão procurar nos bárbaros a misericórdia dos romanos, uma vez que eles não mais toleram a inclemência bárbara que encontram nos romanos. São dife­rentes dos povos onde buscam refúgio; nada têm das suas manei­ras, nada têm da sua língua e, seja-me permitido dizer, também nada têm do odor fétido dos corpos e das vestes dos bárbaros; mas preferem sujeitar-se a essa dissemelhança de costumes a sofrer, entre os romanos, a injustiça e a crueldade. Assim, emigram para os Godos ou para os Bagaldos, ou para os outros bárbaros que em toda a parte dominam, e não se arrependem de sua expatriação, pois preferem viver livres sob a aparência da escravidão que de serem escravos sob a aparência da liberdade (citado em ibid., pp. 314?315).
Finalmente, em seu Historiæ adversum Paganos ("Histórias contra os Pagãos"), o historiador Paulo Orósio conclui,
Os bárbaros passaram a detestar suas espadas, trocaram-nas pelo arado e estão afetuosamente tratando o resto dos romanos como camaradas e amigos, de modo que agora, entre eles, podem ser encontrados alguns romanos que, vivendo com os bárbaros, preferem a liberdade com pobreza a pagar tributos e viver com ansiedade entre seus semelhantes. (itálicos meus).
Não sabemos se, no futuro, a civilização ocidental, que prosperou até hoje, será substituída pela civilização de outros povos que hoje podem ser considerados "bárbaros".  No entanto, temos de estar certos sobre duas coisas: primeiro, em meio à mais severa recessão a assolar o mundo ocidental desde a Grande Depressão de 1929, caso fracassemos em aplicar as medidas essenciais — isto é, desregulamentação, especialmente no mercado de trabalho, redução nos impostos e no intervencionismo econômico, maior controle sobre os gastos públicos e a eliminação de subsídios e protecionismos —, corremos o risco de perder muito mais do que apenas o poder de compra da moeda; e segundo, se perdermos em definitivo a batalha da competitividade no mercado mundial globalizado, e entrarmos em um declínio crônico, tal derrota não terá sido por causa de fatores exógenos, mas sim em decorrência de nossos próprios erros, falhas, omissões e deficiências morais.
Não obstante tudo isso, gostaria de finalizar com uma nota de otimismo.  É verdade que enfrentamos vários desafios, e é muito fácil nos tornarmos desanimados em decorrência da abundância de inimigos da liberdade que vicejam por todos os lados.  Mas também é verdade que, contrariamente à cultura dos subsídios, da irresponsabilidade, da falta de princípios morais e da dependência do estado para tudo, há também, surgindo das cinzas entre vários jovens (e também entre aqueles de nós que já não são mais tão jovens), a cultura da liberdade empreendedorial, da criatividade, da assunção de risco e do comportamento baseado em princípios morais.  Em suma, a cultura da maturidade e da responsabilidade (em oposição ao infantilismo ao qual nossas autoridades e políticos gostariam de nos restringir com o intuito de nos tornar cada vez mais servis e dependentes).  Para mim, está claro quem possui as melhores armas morais e intelectuais, e que, por isso, são os donos do futuro.  É por isso que sou um otimista.

Texto retirado de mises.org.br

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

John Lott Destrói Soledad O'Brien, da CNN, sobre Zonas Livre de Armas

Escrito por Katie Pavlich

      
Os massacres nos Estados Unidos têm pelo menos uma coisa em comum: todos eles acontecem em zonas livres de armas. O economista e autor do livro More Guns Less Crime (Mais Armas Menos Crimes), John Lott, foi a CNN, discutir com a jornalista Soledad O'Brien acerca dos massacres que ocorrerem em zonas livres de armas. O'Brien, como de costume, não estava interessada nos fatos que Lott estava apresentando e continuamente interrompia a fala dele.

  
    A característica comum a esses ataques, disse Lott, é que, com poucas exceções, eles ocorreram onde as armas foram proibidas. "Mas há mais do que uma coisa em comum, certo?" Perguntou O'Brien, acrescentando que os assassinos estão armados, muitas vezes com armas semi-automáticas.

    
O ponto, explica Lott, é que esses locais livres de armas são os escolhidos para esses tipos de atentados. Especificamente, ele falou sobre o atirador de Aurora que escolheu o único cinema que era proibido entrar com armas, ao contrário de outros seis cinemas que não tinham essa proibição. Todos eles ficavam acerca de vinte minutos do apartamento do atirador. O'Brien respondeu que Lott não tinha falado com ele e, portanto, não tinha como saber como pensa o atirador. "Como você sabe disso?" , perguntou ela. "Você não sabe disso."

    
"Por que a sua conclusão para tudo isso é se livrar da leis de controle de armas, e por que sua conclusão não diz que há pessoas que não devem ter acesso a certos tipos de armas", O'Brien questionou mais uma vez, ela disse, nós sabemos que o atirador usou um rifle semi-automático para invadir o prédio, tornando inútil a sua segurança. "Por que você não diz que é exatamente esse tipo de arma que não se deveria ter facil acesso?"

    
Lott disse que a Alemanha teve três dos cinco piores massacres no mundo. E a Alemanha tem leis de controle de armas extremamente rigorosas. "No entanto, eles tiveram um desempenho pior", disse Lott.

    
"Eu não discuto Segunda Emenda, argumento crime", disse Lott.




     Como a maioria das personalidades mais progressista da mídia, O'Brien é ignorante sobre como as armas realmente funcionam. Também é claro ao longo da entrevista que ela não entende a diferença entre armas automáticas e semi-automáticas.

     Ignorância maior ainda de O'Brien sobre este tópico é revelada quando, depois de recusar a citação de Lott sobre a Alemanha, que, essencialmente, proibiu armas semi-automáticas, mas tem um histórico terrível de tiroteios em escolas, ela novamente afirma que "uma pessoa racional poderia dizer que ter acesso a uma rifle semi-auto-amático de alta potência  é inadequado, que não há nenhuma razão para ir caçar cervos com isso." A arma de assalto usada em Newtown, no entanto, como no Colorado, não foi, na verdade, um rifle de caçar cervos porque, na verdade, não é de "alta potência", sendo muito fraco para matar com segurança um cervo.
     O'Brien, que supostamente seria uma âncora objetiva de notícias, não só expos a sua própria agenda, mas a agenda da grande mídia em todos os lugares. Afinal, Don Lemon, da CNN, disse ontem que "não importa" se  crimes com armas estão diminuindo em todo o país, incorretamente afirmou que armas automáticas estão perambulando pelas ruas e isto implica qualquer um que possui um arma semi-automática quer caçar crianças. Ambos trabalham, O'Brien e Lemon, em um prédio em Nova York protegidos por seguranças armados com armas semi-automáticas. 

     Durante sua entrevista com Lott, O'Brien disse que as posições dele sobre a questão "confundiam a sua mente", e ainda como observou Megan McArdle, não há realmente muito o que podería ter sido feito para evitar o terrível massacre na semana passada.
     O que Lanza nos mostra é os limites das respostas políticas óbvias. Ele tinha todos os recursos de saúde mental que ele precisava. A lei impedia de comprar uma arma. A escola tinha um sistema de intercomunicação que visava impedir a entrada não autorizada. Qualquer solução prática, fácil de implementar,  para impedir tiroteios em escolas que você poderia propor, junto com várias que não são faceis de implementar, já estava em vigor. De alguma forma, Lanza passou por todos elas.     No final, nada disso vai confortar as famílias daqueles cujos filhos foram mortos em Newtow, no entanto, avançar é importante para manter em mente argumentos lógicos e sobre os fatos para evitar transformar as pessoas ainda mais em vitimas de "zona livre de armas".

Original disponível em townhall.com.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Recentemente o Brasil ultrapassou o Reino Unido no PIB. O Brasil aproveitou crescimento econômico da China, vendendo mais comodites. O vídeo abaixo explica o porque da estaganação britânica. Para quem gosta de economia, é um excelente vídeo.


sábado, 15 de dezembro de 2012

Controle de Armas, Massacres em Escolas e Virgindade

       Mais um atirador entra em uma escola e mata mais de uma dezena de pessoas nos Estados Unidos. Dessa vez um distrito pacífico do estado de Connecticut foi o palco dessa triste história de horror. Esse é o terceiro massacre que acontece neste ano. O Brasil nos últimos anos passou por uma dessas tragédias, o famigerado Massacre de Realengo, que ceifou vidas de jovens inocentes, é o mais lembrado. Essas tragédias causam perplexidade, deixando-nos confusos e ansiosos acerca de uma questão: Por que? Quais são as causas que levam uma pessoa a realizar tal empreitada?
       Há varias explicações de base psicológica e social a serem utilizadas para explicar tal fenômeno. No entanto a mais aceita pela mídia é a de base legal. Segundo essa explicação esses massacres, e qualquer assassinato, de uma forma geral, ocorre devido ao comércio legal de armas de fogo. Segundo essa corrente tal comércio deveria ser criminalizado e o resultado seria a paz na terra. Sua lógica é muito simples, por isso tem tudo para ter um forte apelo popular, ainda mais depois de tragédias como essas que deixam as pessoas mais emotivas e desejosas de uma ação concreta das autoridades para que tais eventos sejam evitados.
       Porém as coisas não são tão simples quanto parecem ser a primeira vista. Essa teoria não leva em consideração que proibir o comércio legal de um artigo ou serviço não faz que este artigo ou serviço deixe de existir. Bons exemplos disso seria o trafico de drogas e a prostituição. O produto proibido continua a ser comercializado, porém no mercado negro. Dessa vez o comércio não não é mais dominado por homens de negócios, mas por homens do crime organizado. Foi assim que a Lei Seca, com a boa intenção de extinguir o alcoolismo e de tabela todos os problemas relacionados, findou fortalecendo as máfias existentes. Outro bom exemplo é o trafico de drogas no Rio de Janeiro, onde os chefões do tráfico com o objetivo de aumentar o mercado para o seu produto, ao invés de agradar os clientes com um produto de melhor qualidade, preço ou distribuição, preferem exterminar os seus concorrentes roubando-lhes os seus pontos-de-venda.
       Se as armas não têm culpa então qual a causa desses massacres? Como evitá-los? A primeira pergunta é mais fácil de responder. O culpado dessas tragédias são os indivíduos que deram cabo a esses atos. Simplesmente assim. Se querem descobrir o real motivo desses ataques tem que se examinar esses indivíduos psicologicamente e o meio-ambiente social que os cerca. Outros países, Suíça e Israel por exemplo, possuem mais armas nas mão dos cidadãos do que EUA, no entanto, tais eventos são raros nesses países. O bullying tem sido um fator muito mencionado como um estopim para essas fúrias assassinas. Outro aspecto seria a violência da cultura americana muito bem expressada em Hollywood e na música pop. Além desses fatores, um aspectos que tem me chamado mais atenção nesses assassinos é o fato de eles parecerem não possuir vida sexual, muitos são virgens. Há mutia frustração sexual implícita nesses criminosos.
       A segunda questão: como evitá-los? Não tem uma resposta objetiva. Porém minha resposta intuitivamente seria ao invés de proibir seria liberar. O comércio de drogas, não só o consumo, e as casas de prostituição deveriam ser totalmente liberados. A necessidade de destruição do homem é algo recorrente na história, expressados através da guerra e dos crimes. Então que o homem direcione essa necessidade para si mesmo se auto-destruindo através das drogas e prostituição, ao invés de matar inocentes por causas de suas frustrações  sexuais e existenciais. A bíblia com a sua sabedoria trás uma passagem sobre isso:
"Dai bebida forte ao que estar prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito. Que beba, e esqueça de sua pobreza, e da sua miséria não se lembre mais". Provérbios 31. 6-7.
Dai bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito.

Que beba, e esqueça da sua pobreza, e da sua miséria não se lembre mais.
Provérbios 31:6-7
Dai bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito.

Que beba, e esqueça da sua pobreza, e da sua miséria não se lembre mais.
Provérbios 31:6-7

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Estádios Lotados na Europa e Estádios Brasileiros às Moscas


     Algo que eu sempre achei intrigante, como amante do futebol, foi o fato de campeonatos como a Premier League (campeonato inglês), a Bundesliga (campeonato alemão) e a NFL (liga estadunidense de futebol americano) terem os estádios cheios em praticamente todos os jogos. Então eu comparo com a Série A do nosso querido Campeonato Brasileiro de Futebol, em que a melhor média de público é a do Corinthians com 25.212 espectadores por jogo e uma taxa de ocupação média do estádio de 63%. Esse desempenho é impressionante para os padrões brasileiros de organização de futebol, no entanto para os padrões dos países citados seria um atestado de desperdício de recursos, pois mais de 14.000 lugares em média deixaram de ser ocupados.
     Logo nos debates esportivos aparecem teorias para explicar essa diferença de público entre os torneios brasileiros, ingleses e alemães. Duas se destacam. A primeira teoria é que ingleses e alemães gostam mais de futebol do que os brasileiros, portanto aqueles estão mais dispostos a assistir todos os jogos do time do coração, mesmo que o jogo seja contra um time pequeno desconhecido que acabou de subir da divisão inferior, ou mesmo que o jogo seja num dia em que as condições meteorológicas não favoreçam ao comparecimento a ambientes abertos. Essa teoria é a preferida dos dirigentes incompetentes e de alguns jornalistas aliados daqueles.
     A segunda e mais aceita teoria é a incompetência gerencial de todos os dirigentes do futebol brasileiro. Essa teoria diz que os dirigentes não têm conhecimento, habilidade ou vontade para encher os estádios em todos os jogos dos seus times. É uma teoria muito difundida e tem um fundo de verdade. Muitos dirigentes administram os clubes de forma patrimonialista, distribuindo ingressos “gratuitamente” para outros dirigentes, conselheiros, sócios, torcidas organizadas, jornalistas com o objetivo de conseguir apoio político dentro do clube (ou fora do clube, no caso dos jornalistas) ou, simplesmente, para silenciar uma potencial oposição. Também desconhecem ferramentas gerenciais básicas como os 4 P's do Marketing ou gerenciamento da capacidade da Gestão de Operações. Essa teoria da incompetência gerencial não está errada, mas não é suficiente para explicar a baixa frequência do torcedor brasileiro aos estádio.
     No entanto, um terceiro fator é desconsiderado nessa questão dos estádios vazios no Brasil: a intervenção estatal. Vamos tentar explicar. Os times ingleses da Premier League têm média de ocupação dos estádios passando os 90%. O Manchester United, por exemplo, tem média de público de 75.387 espectadores por jogo, possuindo um estádio com capacidade para 75.811, média de ocupação de 99,4%. Como os times ingleses conseguem isso? Simples, o time vende todos os ingressos antes de começar a temporada em forma de carnê. Um torcedor antes de começar a temporada compra um carnê com todos os jogos do time em casa na temporada. Não há venda de ingressos para um único jogo. Com a exceção do mercado secundário, comprar de segunda mão.

Old Trafford Stadium em um dia de jogo qualquer.
     Então você se pergunta o que venda de carnês para toda temporada tem a ver com intervenção estatal. Tem a ver simplesmente porque o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 39, proíbe tal prática, chamada informalmente de venda casada. A penalidade para tal prática é multa. Os nossos dirigentes  podem até tentar vender uma parte dos assentos no estádio em forma de carnê para toda temporada, mas não podem vender a lotação do estádio todo dessa forma, sem deixar de vender para aqueles que querem assistir a um único jogo (normalmente clássicos e finais de campeonato são os  mais escolhidos). O resultado disso é que a venda de carnês para toda temporada no Brasil é um fracasso. Se há opção de comprar apenas os ingressos para os melhores jogos, os jogos menos visados são escanteados. Outro atrativo do espetáculo, o estádio lotado, é um grande atrativo nesses eventos. Torcedores que escolhem um jogo por este atrativo também preferiram comparecer aos grandes jogos e evitaram os jogos com menos público.
     Portanto a intervenção estatal, nesse caso, objetivando defender o consumidor, termina por fazer o oposto, entregando um produto de menor qualidade, pois se um estádio cheio é um aspecto desejado ao assistir um evento esportivo, então o código acaba por causar mais jogos com baixo público e utilização ineficiente das capacidades dos estádios, que muitas vezes são estatais. O consumidor não é idiota ou um pobre coitado que precisa de uma atitude paternalista para defendê-lo. O mercado fornece outras opções, quando opera livremente. Entre essas opções está a de simplesmente não consumir. Pela média de público dos estádios, parece que foi essa a opção escolhida pela maioria dos torcedores, mesmo com a intervenção estatal para "ajudá-los".
     

domingo, 14 de outubro de 2012

Proposta de sistema eleitoral para o Brasil


O nosso sistema eleitoral tem muitos problemas. Isso é conhecido por todos. A maioria da população não lembra em que votou para deputado ou vereador. Portanto grande fatia do eleitorado não sabe a quem cobrar as suas demandas para se fazer representado no poder legislativo.
A solução simples seria adotar o voto majoritário, já adotado nas eleições para o executivo e para o senado, também conhecido como voto distrital, porque se dividiria o território em distritos, com cada um destes elegendo um único representante. A vantagem desse sistema é que todos sabem quem é seu representante. Ninguém pode alegar que não sabe quem é o prefeito, o governador ou o presidente da república. O mesmo aconteceria com os representantes nos legislativos. O seu representante seria o deputado ou vereador que ganhou a eleição no seu distrito.
Apesar da sua simplicidade o voto majoritário tem alguns problemas difíceis de ser superados. Um deles é que um partido que tenha tido uma expressiva votação tenha bem menos cadeiras no parlamento se comparado a votação obtida, assim, ficando sub representado, enquanto outro partido ficará super representado.
Uma solução para esse problema seria a síntese dos dois sistemas eleitorais, o voto distrital misto. Nesse sistema, metade das cadeiras do legislativo são ocupadas pelos representantes dos distritos e a outra metade é completada de acordo com a proporção de votos obtidos.
Por exemplo, São Paulo tem 70 deputados federais, portanto, o estado seria dividido em 35 distritos, cada um elegendo um deputado, e os outros 35 deputados seriam eleitos proporcionalmente. Faça-se uma simulação para ficar mais claro. Um partido x venceu as eleições em 14 distritos, porém obteve 30% dos votos em todo o estado, então o calculo seria o seguinte: 30% de 70 equivale a 21, como o partido já tem 14 deputados através do voto distrital, então ele ficaria com 7 cadeiras daquelas 35 destinadas ao voto proporcional. O partido x ficaria com 21 cadeiras na câmara federal, número proporcional aos votos obtidos em todo estado.
Na Alemanha, onde foi criado o voto distrital misto, os deputados eleitos proporcionalmente são escolhidos por lista fechada. Essa lista é feita pelo partido antes das eleições. No caso do Brasil, onde as lideranças partidárias são vistas com desconfiança, poderia ser adotada a lista aberta, mais próxima da tradição democrática brasileira. Essa lista seria preenchida pelos candidatos do partido mais votados nos distritos que, obviamente, não venceram em seus distritos. Assim, voltando ao exemplo do partido x, os candidatos A, B, C, D, E, F, G e H, todos do partido x, perderam nos distritos, mas obtiveram, respectivamente, 10%, 12%, 48%, 25%, 35%, 29%, 19% e 15% de votação em seus distritos. Nesse caso as 7 cadeiras obtidas pelo partido x seriam preenchidas pelos candidatos C, E, F, D, G, H e B, nessa ordem. Para o número de candidatos de cada lista partidária ficar igual ao número de cadeiras disputadas, o restante da lista seria preenchida com os suplentes dos candidatos distritais.
Acredito por esse sistema proposto guardar muita semelhança com o nosso sistema atual, ele enfrentaria menos oposição do que o sistema distrital puro ou proporcional de lista fechada. É o melhor sistema quando se considera a tradição e os costumes eleitorais brasileiros.